sexta-feira, 18 de julho de 2008

Termo de encerramento


Por razões pessoais este "blog" chega ao fim.

E termina exactamente como começou, com uma extensa paráfrase ao manifesto de Almada Negreiros. Se ele conhecesse o José Sócrates Pinto de Sousa teria sido ainda mais verrinoso e acutilante. Ou talvez nem lhe dedicasse um manifesto.

Este Sócrates - que ao contrário do outro não sabe que nada sabe - não merece um manifesto, nem um blogue. Merece apenas uma borracha que apague esta mancha de incompetência e de indignidade da História de Portugal.


Uma geração que consente deixar-se governar por um José Sócrates é uma geração que nunca o foi.

É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos!

É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Porra para o José Sócrates, porra!

PIM!

Uma geração com um José Sócrates a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com um José Sócrates ao leme é uma canoa em seco!

O José Sócrates é um magano!

O José Sócrates é meio magano!

O José Sócrates saberá fazer jogging, saberá inglês técnico, saberá enhenharia sanitária, saberá fazer ceias para democratas como Hugo Chávez, saberá tudo menos governar que é a única coisa que ele finge fazer!

O José Sócrates pesca tanto de governação que até faz governos com homens da estirpe de Mário Lino que toma os portugueses por uma cáfila de camelos!

O José Sócrates é um habilidoso!

O José Sócrates disfarça-se mal!

O José Sócrates tem rabos de palha!

Não é preciso ir pró Rossio para se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se para se ser salteador, basta governar como o José Sócrates!

Basta não ter escrúpulos nem morais, nem políticos, nem humanos!

Basta andar com as modas da terceira via, com as políticas e com as opiniões!

Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar calções desportivos e olhos meigos!

O José Sócrates nasceu para provar que nem todos os que governam sabem governar!

O José Sócrates é um autómato que deita para fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso continuar a adormecer o Povo!

O José Sócrates é um fruste engenho dele próprio!

O José Sócrates em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.

Se o José Sócrates é português eu quero ser venezuelano!

O José Sócrates é a vergonha da política portuguesa!

O José Sócrates é a meta da decadência mental!

E ainda há quem não core quando diz admirar o José Sócrates!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a roupa!

E quem tenha dó do José Sócrates!

E ainda há quem duvide que o José Sócrates não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

E fique sabendo o José Sócrates que se um dia houver justiça no mundo toda a gente saberá que o autor de O Príncipe é o José Sócrates que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Maquiavel.

E fique sabendo o José Sócrates que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.

Mas julgais que nisto se resume a politiquice portuguesa?

Não Mil vezes não!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa e de todo o Mundo!

O país mais selvagem de todas as Áfricas e Américas Latinas!

O exílio dos degradados e dos indiferentes!

A África reclusa dos europeus!

O entulho das desvantagens e dos sobejos!

Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Porra para o José Sócrates, porra! PIM!

Adaptado de José de Almada Negreiros

Poeta d'Orpheu

Futurista

E Tudo,

Feita por um Português de Lei

Que abomina a mediocridade, a hipocrisia e a mentira

.

Lindo menino



«Quero que o Governo de Angola saiba que temos confiança no povo angolano, que temos confiança em Angola, temos confiança no Governo angolano e no trabalho que tem desenvolvido", que tem "permitido que Angola tenha hoje um prestígio internacional, que tenha subido na consciência internacional e que seja hoje um dos países mais falados e mais reputados.»
José Sócrates


Não falando na corrupção, nos musseques de Luanda, na manipulação da comunicação social, na falta de democracia - Lisboa até está cada vez mais parecida com Luanda -, por acaso o Governo de Angola até quer nacionalizar duas empresas portuguesas: o BCP e o BPI.

Lindo menino, dourado!... Em Angola eras o Menino Diamante! mas daqueles falsos, feitos de vidro que por lá se traficam para enganar os incautos...




Partir, antes de partir

O socratino sr. Costa, em nome dos lisboetas e supostamente de todos os portugueses, entregou ao espanhol iberista José de Sousa, mas a outro José de Sousa, o José de Sousa Saramago, a Casa dos Bicos, edifício mandado construir pelo filho do «terríbil» Afonso de Albuquerque que não consta ter atraiçoado nunca a Pátria, mesmo quando se incompatibilizou com o Rei por amor a Portugal e com Portugal por amor ao Rei.

Nada tenho contra tal criatura. Mas tenho direito a achar que a cedência de um edifício público a um espanhol iberista é um ignóbel acto de traição à Pátria, para mais a alguém cujo único mérito é ter conseguido ganhar um Prémio Nobel da Literatura sem saber escrever no idioma materno.

Antes de partir, tomo a liberdade de partir a loiça toda para, do chão raso da minha ignorância, proclamar o que me parece óbvio sobre as qualidades literárias de tal súbdito do Reino de Juan Carlos, reproduzindo um comentário que fiz a um "post" do Portugal dos Pequeninos:




Permitam-me ter opinião.

Literariamente, Saramago não vale um vintém.

Os seus textos são como as fezes do Imperador da China. Toda a corte a cheirava e a achava divinal. Mas era merda como outra qualquer.

O Homem pode ter umas boas ideias e até jeito para o marketing a avaliar pelos títulos que dá aos seus livrecos.

Nunca vi escritor que escrevesse tão mal. Mas ainda não li Zezé Camarinha nem o Zé Cabra.

Se quando acabasse de garatujar os seus horrendos textos desse os manuscritos a um mediano escritor para reformar aquelas pobres e infelizes frases, talvez saísse dali alguma literatura de mediano valor.

Espero que em língua estrangeira, os tradutores tenham tido o cuidado de dar forma literária ao que Saramago escreve.

Tirando a Viagem a Portugal - que desconfio que foi apenas assinada por Saramago para dar mais uns lucros à editora - a custo se encontra em Saramago uma frase que tenha algum ritmo, alguma beleza, alguma riqueza de construção literária e não seja um amontoado tosco de palavras, como uma "instalação" destes pseudo-artistas que se julgam modernistas por descarregarem um carro de lenha ou de pedra numa galeria (supostamente) de arte...

Picasso conseguiu fazer um touro admirável de um simples selim. E Duchamp transformou um mictório numa peça de arte. Saramago não consegue transformar as suas toscas frases em nada para além do que elas são: toscas frases.

Mas como tudo na vida há gostos e gostos.
A felicidade que não sentiam os predestinados a quem era dada a honra de cheirar as fezes do Imperador da China...
Eram divinais e eles sentiam-se felizes, mesmo que não recebessem um Prémio Nobel...


"Diário do Governo"


Ora para que serve o Diário do Governo, oficialmente chamado de Notícias?.

Além de dar emprego à suposta namoradinha de José Sócrates, que daquele púlpito ora apoia o Governo ora ataca a oposição, também serve para ajudar a implodir o PSD dando guarida aos críticos, como Luís Filipe Menezes que não tardou muito em fazer aos outros o que os outros lhe fizeram a ele.

Não admira que apesar de tanta mentira e demagogia, de tanto autismo e autocracia, José Sócrates ainda tenha tantos eleitores, mesmo descontando o facto de grassar o analfabetismo e a iliteracia neste pobre e aviltado resto de país...

Blá, Blá, Blá...


Bem pode o Primeiro-Ministro fazer a propaganda que quiser sobre o Aborto Ortográfico e a projecção da língua portuguesa no Mundo que advirá de tal criatura mal parida.

A realidade é esta. E veremos se o admirador de Zapatero tem tomates a sério ou é só a habitual lenga-lenga de que falava o Provedor de Justiça...


Só inglês, francês e alemão

Associação portuguesa de patentes alerta para novas regras europeias que não contemplam o português

Uma nova legislação europeia sobre patentes obriga a que estejam registadas apenas em inglês, francês ou alemão. A associação portuguesa do sector alerta que milhares de empresas portuguesas são prejudicadas e espera que o Governo português siga o exemplo espanhol e não assine

Segundo a ACPI (Associação dos Consultores de Propriedade Industrial) a alteração das exigências linguísticas do registo de patentes na Europa vai custar milhares de euros por patente às empresas portuguesas só em traduções, dificultando a transferência de tecnologia e a inovação no país.

«As mais prejudicadas com a projectada alteração serão as pequenas e médias empresas (PME) que não podem pagar uma média de três mil euros para traduzir cada patente, sabendo-se que cada inovação ou cada nova invenção tem cinco, seis ou sete patentes», disse à agência Lusa César Bessa Monteiro, presidente da ACPI.

Em causa está uma alteração à legislação de protecção de patentes que vigora em todos os países da Europa e que obriga quem quer registar a patente a traduzir essa patente na língua dos mercados onde a protecção vai vigorar.

«Com a actual proposta do Tratado de Londres, as patentes passam a estar disponíveis apenas em inglês, francês e alemão e deixam de estar disponíveis em português», afirmou César Bessa Monteiro.

«A nova legislação só beneficia as grandes empresas das grandes potências e sobretudo os Estados Unidos e o Japão», acrescentou.

Com centenas de páginas por patente - que inclui um sumário, uma memória descritiva e uma terceira parte a explicitar o objecto da protecção - a ACPI garante que se as novas regras entrarem em vigor vão estrangular a inovação no país.

«É aliás contraditório Portugal votar a favor do tratado de Londres, porque a política do Governo é favorecer a inovação», disse o presidente da ACPI que exige que o Executivo português se mostre contra o tratado.

«Espanha já disse que não ia assinar, para proteger a sua língua e as suas empresas. Do Governo português ainda não vemos nenhuma atitude claramente contra o tratado», afirmou Bessa Monteiro.

Lusa/SOL

Autismo


Os autistas em Portugal podem ser mais de 65 mil. Muitos não foram diagnosticados nem tiveram o tratamento adequado

por Helena Norte,
Jornal de Notícias, 15/07/2008


Alguns deles chegaram a ministros e um deles é Primeiro-Ministro. Consta que a mais eficaz terapia é um fármaco chamado Eleições. Parece que, lentamente, este medicamento os está a fazer cair na realidade.

O problema maior é que alguns combinam o autismo com a esquizofrenia. E a ciência médica ainda não consegue incutir neles a capacidade de distinção entre a realidade e a fantasia...

Há os que pensam que falsificando os exames os alunos passam a saber Português e Matemática.
Há os que confundem projectos de engenharia com simples jogos da Lego.
Há os que pensam que os banqueiros internacionais são uma espécie de tias ricas misericordiosas sempre dispostas a dar-lhe mais uns milhões emprestados para os seus devaneios e prodigalidades.
Há os que pensam que ainda são ministros quando é o engenheiro que decide por eles.
Há pelo menos um que pensa que é um Padrinho da Máfia que continuará eternamente a fazer a lei e a justiça à sua maneira, manobrando a lei processual penal e manipulando as investigações mais comprometedoras.
Quase todos eles pensam que os portugueses são todos estúpidos e não sabem distinguir a realidade da demagogia. Nisto só parcialmente estão iludidos. A acreditar nas sondagens há mesmo muitos portugueses que ainda não perceberam o Governo que têm. Se calhar há mais de 65.000 autistas. Nesse caso podem ser uns 3 milhões.



quinta-feira, 17 de julho de 2008

Lição chilena

Como tem sido divulgado na blogosfera, o actual modelo de avaliação dos professores foi quase plagiado por João Freire, um conhecido anarquista que levou Maria de Lurdes Rodrigues para a docência no ISCTE de onde, em malfadado dia, seguiu caminho para o Ministério da Educação.

Uma das razões que os professores apontam como causa do projecto de destruição do ensino público é precisamente o interesse do Governo em favorecer o ensino privado, para cortar nas despesas do Orçamento de Estado.

Pois aprecie-se o que aconteceu à colega de Maria de Lurdes Rodrigues, a Ministra da Educação do Chile, exactamente por esse motivo: a preterição do ensino público em favor do privado.

Em Portugal o Povo é mais sereno e os alunos, encantados com as altas notas nos exames que o GAVE forjou, ainda não perceberam o mal que esta sinistra ministra está a fazer ao seu futuro.

Seja pelas razões que forem, a dita senhora tem evitado pôr o pés - por respeito digo pés - nas escolas públicas portuguesas...



Imagem surripiada aqui

Impressiva imagem da dissolução nacional

Regressado de uma temporada no Oriente, onde desenvolve os seus estudos académicos, Miguel Castelo Branco, um dos mais cultos intelectuais portugueses e dentre eles um dos pouquíssimos que sente a Terra-Mãe, deixa-nos no seu Combustões - uma das pérolas da blogosfera - esta impressiva imagem do quanto se degradou e desagregou Portugal em apenas nove meses, o tempo de uma singela gestação, por má sina uma gestação maligna de um Governo incompetente e desvairado:

Foi preciso vir dos confins do mundo para me aperceber da magnitude da desagregação do Estado Português. Outros desculpar-se-ão invocando os distúrbios de Paris, outros lembrarão o flagelo napolitano, outros ainda refugiam-se no lirismo de uma terra abençoada pelo sol. Nestes curtos dias em Lisboa, para além do acentuar do cinzento esgar, das comissuras desencantadas, das fachadas literalmete vandalizadas e dos prédios devolutos, dos incêndios na Avenida e do fim de festa do tão prometido arranque económico - hoje tão credível como as profecias de Daniel - dei-me conta que já ninguém manda e já ninguém obedece. As facadas da praia anunciaram os tiros num ignoto bairro social. Talvez na próxima vez assista a tiroteio no Rossio. Volto para a Ásia com a clara sensação que Lisboa, nove meses volvidos, está muito diferente, para pior. Só nos falta emular Sadr city.

Outra visão da Primeira República


O poder Socratino tem, como é do conhecimento público, em preparação há longa data as Comemorações do Centenário da Primeira República.

Sabendo-se - como avisou Paul Valléry - que «a história é o produto mais perigoso que a química do intelecto elaborou», convém estar de sobreaviso sobre tais comemorações, que no entender do socratino não militante do PS que as preparou - Vital Moreira -, deveriam servir para muito mais do que para fazer estudos históricos desse período. O lente coimbrão até alvitrou a necessidade de grandes obras legislativas a esse respeito, entre as quais segundo entendimento de alguns a legalização do casamento dos homosexuais, ou da paneleirada como aqui se prefere dizer...

Quem não esperou para ver foi um grupo de maduros que promete mostrar outra visão do que foi a Primeira República:


Sabendo-se como são recrutados e formados os historiadores das nossas universidades, muito bem fará o simples leigo em estar de pé atrás perante o que se vai ler e se vai escrever, o que equivale a dizer ter uma prudente e sábia atitude crítica.

Falsários da História não faltam entre nós. Abundam os cronistas oficiais do regime e urge estar bem atento à expectável demagogia comemorativista dos socratinos.

Aquele grupo de maduros promete não os deixar pôr o pé em ramo verde.
E quantos ramos uns ainda muito verdes, outros já bem podres não tem a centenária árvore da República. Oh se tem!...

A Política do Medo

Os professores andam com medo da própria sombra. Saiba como se criaram as condições para o triunfo da mentira

A mentira é como o vírus do ébola

O medo regressou e em força. São cada vez mais os professores que enviam emails com denúncias que terminam com um pedido de "por favor, não me identifique!" Nós sabemos que os modernaços montaram um sistema kafkiano, diria mesmo goebelsiano, de controlo, vigilância e repressão. Numa manobra de engenharia social, que faria encher de orgulho Estaline e Goebels, os modernaços montaram um sistema que impôs a autocensura aos professores e que os leva a ter medo da própria sombra. Primeiro, construiram a arquitectura jurídica: estatuto da carreira docente, modelo burocrático de avaliação de desempenho e novo modelo de gestão. Depois, calaram os sindicatos. Sabe-se lá como e porquê! De seguida, acenaram com migalhas de poder aos adesivos. O sistema está montado e assenta num artifício muito simples: associar a avaliação de desempenho dos professores aos resultados dos alunos. É essa associação que incentiva e permite a construção da grande mentira. Todos mentem. E mentem porque tem de ser. Tal como acontecia durante os planos quinquenais do fim da era de Estaline, no final dos anos quarenta e princípios da década de 50, todas as unidades de produção, sovietes incluídos, exageravam nos resultados e colocavam nos relatórios aquilo que os comissários políticos queriam ler. Havia fome nas cidades nos campos porque a produção de cereais caíra para os mínimos? E depois? O que interessavam eram os relatórios. Se os relatórios diziam o contrário, era porque a ficção fabricada para agradar aos comissários era preferível à dura e crua realidade dos pessimistas que ainda não tinham sido capazes de fazer o corte com a realidade e formatar a cabeça de acordo com a estrutura cognitiva do Homem Novo. Agora, passa-se o mesmo nas escolas portuguesas. Os professores habituaram-se a mentir porque perceberam que a ficção construída para agradar aos comissários políticos é preferível à nua e crua realidade. O corte com a realidade está a fazer-se desde 2005. E faz-se atraves da escrita e das acções de propaganda, ditas acções de formação sobre avaliação de desempenho. A escrita de relatórios permite o desenvolvimento de competências de literacia ao estilo do orwelliano do "double-speak". A aquisição do "double-spaeak" faz-se, sobretudo, através dos relatórios que os professores são obrigados a redigir, respondendo a questões dirigidas, em formato de grelhas, que induzem o professor a construir uma "realidade" de faz-de-conta. E o professor faz isso porque sabe que o colega do lado também faz. É uma espécie de ébola que tudo contamina. A mentira impõe-se porque é mais fácil e mais lucrativa, a curto prazo, do que a verdade. A pior herança desta equipa ministerial foi a criação de condições nas escolas para o triunfo da mentira.

Ramiro Marques


Afinal não era uma gafe

Afinal não era uma gafe. Era uma premonição. O Menino de Ouro é um autêntico oráculo...

Os portugueses já estão mesmo mais pobres, cada vez mais...





quarta-feira, 16 de julho de 2008

Quando os assuntos da governação viram palhaçada


A taxa Robin dos Bosques voltou a abrir a sessão plenária, desta quarta-feira, com o PCP, que agendou ontem um debate de actualidade, a usar uma citação do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para garantir que a taxa não terá qualquer impacto: «A taxa Robin dos Bosques não terá qualquer impacto nos lucros das companhias e representa apenas uma antecipação do imposto a pagar de 110 milhões de euros!»

Os «Verdes» citam um comunicado da Galp para garantir a mesma conclusão: a taxa «não tem qualquer impacto. Só antecipa o pagamento de impostos». «É a própria Galp a gozar a iniciativa do Governo», afirmou a deputada Heloísa Apolónia.

A oposição foi unânime em considerar que o Executivo não explicou ainda os efeitos da taxa Robin dos Bosques, aprovada em Conselho de Ministro na passada semana. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Santos Silva, reagiu às críticas afirmando que a proposta de lei para a criação da taxa dará entrada ainda esta quarta-feira na Assembleia da República, e será depois distribuída, «como é do regulamento».

O ministro garantiu que a taxa sobre as reservas petrolíferas é «autónoma» e reiterou o que o primeiro-ministro já tinha dito no debate do Estado da Nação: «O Governo conta arrecadar mais de 100 milhões de euros».

Entre as dúvidas da oposição sobre a taxa, o deputado do PSD baptizou-a com outro nome - «taxa Pinóquio», porque é uma taxa que é uma coisa e na realidade é outra?» - e o CDS-PP fala em taxa «Menino d`Ouro»: «Convém, do ponto de vista do cidadão, discutir-se a taxa Menino d`Ouro que é o dinheiro que o fisco recebeu a mais com a subida do preço e a ida atrás do IVA em matéria de receita», afirmou Paulo Portas, referindo-se ao imposto arrecadado pelo Estado, desde o início do ano, quando os combustíveis já aumentaram 30 vezes.

Portugal Diário
16/07/2008

Quando o exemplo vem de cima



Finalistas faltam ao exame

Todos os alunos finalistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) boicotaram, ontem, o exame final do 6º ano da licenciatura, que consideram "excessivo e desnecessário".

Os 230 estudantes concentraram-se, em silêncio, à porta dos Hospitais da Universidade de Coimbra, durante a manhã, e recusaram-se a realizar a prova marcada para o início da tarde. Segundo Fernando Correia, representante dos alunos, os futuros médicos consideram o exame 'dispensável' e 'sem razão de ser'.

Correio da Manhã
16/7/2008


Quando o Primeiro-Ministro, que era um aluno cábula, consegue obter a equivalência à licenciatura da maneira que todos conhecem;

Quando a Ministra da Educação defende que todos os alunos devem obrigatoriamente passar e manda fazer exames com graus de dificuldade para atrasados mentais;

Quando uma Directora Regional da Educação diz, preto no branco, que «os alunos têm direito ao sucesso»;

O que é que se pode esperar destes meninos de ouro das universidades portuguesas?

Estudar dói e o Verão está escaldante!

O modelo socratino de avaliação se é para uns é para todos.

Viva a escola socratina!
Os professores que estudem, que os alunos têm mais que fazer!


Sobre a biografia semi-oficial do áureo Primeiro-Ministro

Uma interessante crítica literária do acrítico livro de Eduarda Maio sobre o menino de Vilar de Massada.

A subdirectora da Antena 1, Eduarda Maio, a quem o programa de televisão O Juiz Decide deu nos anos 90 uma relativa notoriedade, acaba de publicar uma biografia do actual primeiro-ministro. E não há duas maneiras de dizer isto: trata-se de um péssimo livro. Com esta biografia não se aprende nada de relevante sobre a carreira e a ascensão política de José Sócrates que não estivesse já nos jornais. A narrativa dos acontecimentos decisivos (a candidatura à liderança do PS, a maioria absoluta) não acrescenta dados novos. Se Sócrates, num ou noutro episódio, é alvo de ataques, Eduarda Maio não os investiga; aproveita apenas para realçar as qualidades que levaram o nosso Herói a resistir-lhes. “À firmeza do seu trabalho parlamentar, José Sócrates juntava agora o seu espírito. Gostava de quebrar a solenidade pardacenta das sessões, de remoçar o debate político salpicando-o de humor e sacudindo-lhe o excesso de sisudez e de monotonia” (p. 211). O tom é “hagiográfico”, disse Pacheco Pereira. Pior do que isso: é parolo.

Há páginas e páginas de resumos de peças de propaganda, como artigos de jornal ou programas partidários; e passagens chatas e compridas como quem recita em versão alargada um curriculum vitae. A abordagem da autora consiste numa espécie de contemplação beata. Maio entrevistou alguns próximos de Sócrates, que lhe contaram como o nosso primeiro-ministro é um “bom amigo”, um “menino de ouro”, tem extraordinárias capacidades de trabalho e é um devoto dos livros. “‘Quando ele teve que aumentar o IVA, nem dormiu na noite anterior’, afirma Renato Sampaio” (p. 311). Nem por uma vez a jornalista se lembra de investigar o que está realmente em jogo nessas amizades e inimizades políticas, o que as move, o que torna o nosso homem tão “persuasivo” – em suma, tudo aquilo que é propriamente a política. E nunca, sobre uma matéria controversa (a co-incineração, o caso da licenciatura, conflitos pessoais variados), dá voz aos críticos.

Seria possível escrever uma biografia interessante sobre o actual primeiro-ministro? É tentador pensar que os nossos actuais líderes, seguindo uma tendência que é sociológica e que não é portuguesa, não são propriamente personagens carismáticas, mas indivíduos formados nas máquinas partidárias, que (sejam quais forem outras qualidades que eventualmente tenham) não têm vidas aventurosas nem biografias emocionantes.

Tudo isso é certo, mas há ainda qualquer coisa de relevante nesse cinzentismo. Talvez José Sócrates, Filipe Menezes, Passos Coelho, não se prestem a histórias fascinantes; mas prestam-se, apesar de tudo, a uma história relevante da nossa democracia. Através da biografia de um deles poderíamos conhecer alguma coisa sobre os mecanismos que fazem de um indivíduo um caso de sucesso político nos dias de hoje: aquilo que realmente condiciona promoções e despromoções, alianças e zangas, numa época em que os confrontos ideológicos estão esbatidos. Mesmo sem fazer um julgamento sumário do regime, importava conhecer um pouco mais sobre o funcionamento interno dessas instituições cruciais da democracia que são os partidos políticos. Há uma biografia política que mereceria ser escrita, sobre um homem banal num regime banal.

E – uma última nota – eu não detesto Sócrates pessoalmente, como figura. Suspeito até – suspeito apenas, porque a biografia de Maio não dá para mais – de que mesmo no plano pessoal haveria algo de interessante para contar na história de um José Sócrates. Aos sete anos de idade, viveu o divórcio litigioso dos pais, que se arrastou em tribunal por seis anos; e até aos 16 ficou afastado da mãe e dos seus dois irmãos. Folheando o livro, é difícil não reparar nas fotos de infância desta criança que nunca sorri; e que tem outras tragédias na sua vida familiar. Não estou a incitar ao voyeurismo, mas não seria relevante investigar a relação entre a criança das fotos e o político que, paradoxalmente, se tornou popular (pelo menos numa dada fase) por uma certa reserva e mesmo uma certa antipatia? Outros superam tristezas por uma extroversão exuberante e maníaca; não assim Sócrates. Mas, numa biografia de 350 páginas, de prosa redundante e rendilhada (e frequentemente ridícula), Maio não dedica uma linha a investigar como é que a criança que depois foi primeiro-ministro atravessou tudo isto.

Ivan Nunes

Time Out
terça-feira, 1 de Julho de 2008

Este não é o ministério dele




Setúbal - Suspeita de roubo de duas pistolas-metralhadoras na Bela vista

Metralhadoras roubadas à PSP

Ninguém sabe o que aconteceu a duas pistolas-metralhadoras Pietro Beretta, calibre 9 mm, e a vários carregadores de munições, que estavam guardados na Esquadra da PSP da Bela Vista, em Setúbal. O desaparecimento ocorreu há dois meses. A PSP, que não afasta a hipótese de roubo, investiga o paradeiro das armas e das munições.

Correio da Manhã
16/07/2008


Já tinham invadido uma esquadra. Ontem atacaram a tiro um posto da GNR. Agora até roubaram duas metralhadoras noutra esquadra da PSP.

E nem falamos no far west em que se transformou Loures...

Tudo isto acontece em pouco tempo ao Ministro Rui Pereira.

Lembrando as célebres palavra de Alberto Costa, este também não é o ministério de Rui Pereira...

Mas estes são os criminosos e malfeitores com quem ele tem de lidar, se conseguir...

E pelos vistos são cada vez mais...




Coincidencia



Tal como se esperava, o «Banco de Portugal baixou a sua previsão do crescimento económico deste ano para 1,2 por cento, uma diminuição de oito décimas em relação à previsão anunciada em Janeiro e que era de dois por cento» (Público).

O estranho ou talvez não é que o relatório do Banco de Portugal saiu milimetricamente depois do debate sobre o estado da nação, no Parlamento, o que obviamente alterou alguns dos pressupostos fundamentais da discussão, beneficiando objectivamente José Sócrates.

Mais uma coincidência, e mais uma vinda de Vítor Constâncio...


terça-feira, 15 de julho de 2008

O (des)Governo da Nação



No debate do Estado da Nação ocorrido no Parlamento na semana passada, o Governo apresentou um conjunto de propostas, de âmbito fiscal e social, com o intuito de responder à situação que o país está a viver, caracterizada pelo Executivo como sendo de emergência social e resultante da alta do preço do petróleo, dos preços dos bens alimentares e da subida das taxas de juro.

Tenho para mim, porém, que as propostas apresentadas constituem um imenso conjunto de equívocos, de falta de adequação à realidade e de demagogia, que revelam bem o estado de desnorte a que chegou o Governo. Vejamos porquê.

Primeiro. A situação que estamos a viver não é de emergência, porque não é conjuntural: como vezes sem conta já referi, trata-se de uma situação estrutural, que só é passível de resolução com um aumento da competitividade e da atractividade da nossa economia que permita a criação de mais riqueza, de forma sustentada. Só assim será possível reduzir o desemprego e acudir às necessidades sociais mais prementes. Certo: a alta do preço do petróleo e dos bens alimentares, tal como a subida das taxas de juro, vieram tornar o quadro pior – mas os factores de insucesso já cá estavam… E como creio que os dias com petróleo e alimentos baratos não voltarão mais e as taxas de juro demorarão a descer, apelidar a situação que vivemos como "de emergência" é, no mínimo, desadequado. Um equívoco.

Segundo. Mas se a situação fosse realmente de emergência, seria natural que quaisquer medidas apresentadas tivessem impacto imediato sobre a população (isto é, que ajudassem já). Simplesmente, quer o aumento das deduções das despesas com empréstimos à habitação em sede de IRS, quer a redução das taxas máximas do IMI e o alargamento do prazo de isenção do pagamento deste imposto terão efeitos em… 2009 (que, curiosamente – ou talvez não… –, é ano de eleições)!... Quanto às medidas de apoio social, as ajudas aos alunos para material escolar, manuais e refeições, e ainda para os passes escolares, terão efeitos em… Setembro, quando se iniciar o próximo ano lectivo (isto para não falar que já hoje existem condições especiais nos passes escolares para crianças e estudantes, que tornarão a abrangência e o impacto destas medidas menor do que o proclamado pelo Primeiro-Ministro). Fica, pois, a questão: emergência social?!... Outro equívoco – agora, acompanhado de demagogia.

Terceiro. No que toca às medidas fiscais já referidas, julgo importante enfatizar o seguinte:
O IMI, que o Primeiro-Ministro classificou como "um paradigma de punção social sobre as classes médias", representa, em 2008, apenas cerca de 5% do que os portugueses pagarão a mais em impostos em relação ao que pagavam quando este Governo tomou posse… além de que é receita das Câmaras Municipais (não do Estado Central), pelo que, apesar de representar uma perda de receita no perímetro das Administrações Públicas, são as autarquias que arcarão com ela… Trata-se, portanto, de ajudar… com o dinheiro dos outros! Bom exemplo que o Governo dá à sociedade, não é, caro leitor?...

No IRS, a introdução da progressividade nas deduções com despesas de habitação veio complicar ainda mais o sistema fiscal… ou seja, trata-se de uma medida ao arrepio das tendências internacionais em matéria de impostos, que vão no sentido da simplificação dos sistemas fiscais e da diminuição das taxas de tributação. Se se queria ajudar, por que não fazê-lo através do auxílio directo do lado da despesa, mediante a declaração de rendimentos dos contribuintes?!... Isto para já nem mencionar o facto de, nos dois escalões de IRS mais baixos (e esta medida incide sobre os primeiros 4 escalões), a maioria dos contribuintes não pagar IRS… tal como nem todas as famílias referidas pelo Ministro das Finanças serão abrangidas, pois nem todas suportam empréstimos à habitação. Portanto, uma decisão do meu ponto de vista errada e com alcance social muito reduzido.

Cá estão, caro leitor, novos equívocos e demagogia… em larga escala.

Quarto. Tudo somado, e de acordo com as contas do Governo, as medidas de apoio social custarão cerca de 30 milhões de euros (já este ano) e as medidas fiscais implicarão uma perda – apenas em 2009 – de cerca de 45 milhões de euros (nas deduções no IRS) e de cerca de 50 milhões no IMI (a suportar pelas autarquias). Tudo somado, menos de 0.02% do PIB este ano e pouco mais de 0.05% em 2009 – isto é, no conjunto, nem a uma décima do PIB chegamos!... Demagogia sem limites.

Quinto. O imposto "Robin dos Bosques", a aplicar às mais-valias potenciais resultantes da valorização das reservas de crude das petrolíferas é, apenas e só, a antecipação do pagamento do imposto por parte destas empresas que operam em Portugal – e que, sendo pago num determinado ano, implicará a redução do IRC pago no ano seguinte. Como, quer o Governo, quer a Galp reconheceram, trata-se de uma medida neutra do ponto de vista fiscal para as petrolíferas… e, portanto, também para os cofres públicos, que recebem mais num ano e menos no ano seguinte – o que, nesse ano, é compensado pela nova antecipação do imposto, e assim sucessivamente até que algum dia este imposto extraordinário acabe (o que deteriorará as contas do exercício orçamental em questão) ou as reservas petrolíferas não sejam valorizadas (o que, claro, implicará a não cobrança do imposto antecipado). E, no entanto, lá foi esta medida apresentada como a implementação de um imposto extraordinário que servirá para redistribuir riqueza!... Aqui, a demagogia já dá lugar ao descaramento de tentar fazer passar uma coisa por aquilo que ela não é!...

Sexto. Com a maioria das "ajudas" às famílias a ter lugar apenas em 2009, o Governo estima antecipar já para este ano, com uma taxa "Robin dos Bosques" de 25%, uma receita de pouco mais de 100 milhões de euros. Ou seja: as ajudas a conceder são diferidas na sua maior parte para 2009; o recebimento é antecipado!... É ou não preciso ter descaramento para proceder desta forma e ainda querer fazer parecer que se trata de uma actuação para fazer face à situação de emergência social?!... E depois admiram-se de, qualquer dia, ninguém os levar a sério…

Miguel Frasquilho
Jornal de Negócios

A mancha que alastra



Nem se diga que o problema é da periferia das grandes cidades. Estes dois casos são na Póvoa de Varzim e em Torres Vedras.

  • 11:43 Posto da GNR atingido com dois tiros
  • 11:25 Brasileiro esfaqueado até à morte
Mais comentários para quê?

Nem de propósito

Esta madrugada, à meia noite e cinco minutos, alertava para certas recomendações de compra e targets favoráveis quando até um míope percebe que o caminho dos mercados continua a ser para baixo, com todos os ursos a ajudar.

Por acaso, o PSI-20 já esteve a cair 5%.

A CMVM nunca se importa quando quem quer vender recomenda ao público para comprar ou quem quer comprar recomenda aos outros para venderem.

Não é de agora e continuará a ser assim. O actual Ministro das Finanças que por lá já andou sabe como é...

E não é agora que está no Governo que vai fazer diferente dos outros.

Luz para os cegos do neo-liberalismo


O País tem estado entregue à seita neo-liberal que domina o PS e o PSD e que inquinou também o PP de Paulo Portas.

A cegueira é tal entre estes iluminados que não vendo no neo-liberalismo uma das principais causas da ruína económica portuguesa, propõem ainda mais liberalismo e mais abertura da economia portuguesa ao exterior para resolver os problemas nacionais.

Não chegando o ultra-liberalismo socratino, no PSD António Borges e Pedro Passos Coelho propuseram aumentar a dose desta poção letal que em poucos anos fez desaparecer grande parte da nossa indústria, da agricultura e das pescas.

No dia em que o dogma neo-liberal viu a sua eficácia destrutiva denunciada ao mais alto nível com a intervenção do governo americano numa acção de semi-nacionalização para salvar da falência, duas gigantescas empresas, a Freddie Mac e a Fannie Mae, o Diário Económico publicou um excelente artigo de Joseph E. Stiglitz, Prémio Nóbel da Economia.

Dedicâmo-lo à seita neo-liberal, na qual se inclui José Sócrates e os demais comparsas, que estendo aos ultraliberais do PSD, do genial gestor António Borges ao brilhante Pedro Passos Coelho que ainda não mostrou saber fazer nada mas memorizou bem a cartilha ideológica dos seus correlegionários...




Será o fim do neo-liberalismo?

Existe uma grande disparidade entre os retornos sociais e os retornos privados. Se não forem alinhados, o sistema de mercado nunca poderá funcionar bem.

Joseph E. Stiglitz

O mundo não tem poupado o neo-liberalismo, essa amálgama de ideias que tem por base a noção fundamentalista de que os mercados se auto-corrigem, aplicam recursos de forma eficiente e servem devidamente os interesses do público. Foi este fundamentalismo de mercado que esteve na génese do “thatcherismo”, da “reaganomics” e do chamado “Consenso de Washington”, que privilegiou a privatização, a liberalização e os bancos centrais independentes focalizados apenas na inflação.

Os países em desenvolvimento têm-se digladiado entre si nos últimos 25 anos e o resultado dessa luta é hoje claro. Os países que adoptaram políticas neo-liberais são os grandes derrotados. E por duas razões. Primeiro, não souberam tirar partido do crescimento. Segundo, e quando cresceram de facto, os benefícios ficaram essencialmente nas mãos dos que ocupam o topo da pirâmide.

Por muito que os neo-liberais não queiram admiti-lo, a verdade é que a sua ideologia chumbou ainda noutro teste. Ninguém pode dizer que os mercados financeiros tenham feito um excelente trabalho no final da década de 90. Mas produziu, apesar de tudo, alguns efeitos positivos, como a descida dos custos de comunicação, que resultou numa maior integração da China e da Índia na economia global.

A má aplicação de recursos no sector imobiliário não ajuda a vislumbrar esses benefícios. As novas habitações construídas para famílias que não têm meios para as pagar resultou apenas em angústia e trauma para os milhões de famílias que tiveram de abandonar as suas casas. Em algumas comunidades, a actuação do governo tem-se limitado ao arresto de bens. Noutras, impera a consternação. E nem mesmo os chamados cidadãos modelo, aqueles que sempre se pautaram pela prudência no recurso ao crédito e pela liquidação das suas prestações, são poupados. Antes pelo contrário: os mercados desvalorizaram as suas casas muito acima das suas piores previsões.

Importa dizer que a “febre” do investimento imobiliário gerou alguns benefícios de curto prazo. Isto é, permitiu que algumas famílias americanas gozassem o seu estatuto de “proprietários” – durante escassos meses, é certo – e a possibilidade de viverem numa casa de maiores dimensões. O pior é o preço que as famílias e a economia mundial estão a pagar. Milhões de pessoas perderam a sua casa e poupanças, e as execuções hipotecárias precipitaram o abrandamento da economia global. O prognóstico é consensual: o abrandamento, além de generalizado, veio para ficar.

Mais: os mercados não nos prepararam para a escalada dos preços do petróleo e dos bens alimentares. Como é óbvio, nenhum destes sectores é um exemplo de economia de livre mercado, mas é precisamente aqui que reside parte da questão: a retórica do livre mercado tem sido usada selectivamente, isto é, adoptada quando serve interesses específicos e rejeitada quando não é esse o caso.

Uma das poucas virtudes da administração Bush será, talvez, o reduzido “fosso” entre a retórica e a realidade, comparando com os anos de governo de Ronald Reagan. A retórica de livre comércio de Reagan era acompanhada pela imposição de restrições ao comércio, entre as quais as conhecidas restrições “voluntárias” às exportações de veículos automóveis.

As políticas de Bush foram ainda piores, na medida em que se limitaram a servir os interesses da indústria militar norte-americana. A administração Bush só por uma vez foi mais “verde” – leia-se amiga do ambiente. Refiro-me aos subsídios à produção de etanol, cujo impacto ambiental permanece ambíguo. O mercado energético continua a ser alvo de distorções, introduzidas em parte pelo regime fiscal, mas se Bush tivesse levado por diante os seus planos, a situação seria hoje muito mais grave.

A combinação da retórica de mercado livre e de intervenção do governo foi nefasta para os países em desenvolvimento. A não intervenção no sector agrícola – orientação dada por organismos internacionais – expôs ainda mais os seus agricultores à devastadora competição dos EUA e da Europa. Os seus agricultores até seriam capazes de competir com americanos e europeus. O problema não é esse. O problema é não poderem competir com os subsídios atribuídos pelos EUA e pela UE. Não admira, por isso, que os investimentos agrícolas nos países em desenvolvimento tenham decrescido e agravado o “fosso” alimentar.

Os protagonistas deste erro, os que sugeriram esta orientação, nada têm a recear, uma vez que os custos serão suportados pelas populações desses mesmos países, em particular pelos mais pobres.

Os defensores do fundamentalismo de mercado querem agora que os erros do mercado sejam vistos como erros de governo. Um delegado do governo chinês colocou o dedo na ferida: os EUA deviam ter feito mais para ajudar os norte-americanos com rendimentos mais baixos a gerir melhor o problema do crédito hipotecário à habitação. Estou plenamente de acordo, mas isso não altera os factos: os bancos norte-americanos geriram especialmente mal o risco e essa má gestão tem consequências globais. Mas a injustiça é ainda maior quando se sabe que, apesar dos erros, os gestores dessas instituições saíram airosamente e com indemnizações milionárias.

Actualmente, existe uma grande disparidade entre os retornos sociais e os retornos privados. Se não forem alinhados, o sistema de mercado nunca poderá funcionar bem. O neo-liberalismo foi sempre uma doutrina política ao serviço de certos interesses e nunca se fundamentou em teorias económicas. Tal como, sabêmo-lo hoje, não é fundamentado em experiências históricas. Se aprendermos esta lição, talvez se faça luz ao fundo do túnel.

Tradução Ana Pina
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Joseph E. Stiglitz, Prémio Nobel da Economia

Nova Oportunidade para Sócrates


Estudo da CMVM

Um terço dos investidores em bolsa têm baixo nível de escolaridade

Os dados de um inquérito realizado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) revelam que quase um terço dos investidores portugueses tem, no máximo, a 4ª classe e não dispõe de grandes conhecimentos sobre o funcionamento da bolsa, noticia o 'Diário de Notícias'.

Segundo os dados do Relatório Anual de 2007 da CMVM, avançados pelo 'Diário de Notícias', três em cada 10 investidores só têm quatro ou menos anos de escola, e apenas 24% tem um curso médio ou superior. Em adição, cerca de um terço dos investidores não está activo no mercado de trabalho, sendo muitos destes reformados.

Para a entidade reguladora, citada pelo mesmo jornal, a baixa escolaridade dos investidores "levanta algumas preocupações com o nível de literacia financeira de um número muito significativo de investidores, tanto mais que é geralmente reconhecido que um elevado nível de cultura financeira diminui os (...) erros de comportamento".

Diário Económico
14/07/2008


Quem visitava ou operava na Bolsa de Valores de Lisboa antes das corretoras online e dos sistemas de homebanking, lembra-se bem dos bandos de reformados, donas de casa e taxistas que por ali deambulavam olhando para os terminais das cotações, sobretudo nos períodos de euforia, que coincidem geralmente com o fim do bull market e o início da inversão para o bear market.

Passaram já alguns anos, mas os reformados, taxistas e donas de casa, a que se juntam muitos construtores civis (ex-pedreiros), continuam a investir na bolsa, geralmente comprando no fim da tendência ascendente e só vendendo, a perder, exactamente quando, meses ou anos depois, se inicia a recuperação do mercado.

Ora, José Sócrates tem aqui mais uma oportunidade para as suas miríficas Novas Oportunidades.
Todos estes investidores bolsistas, tarimbados em perder dinheiro com a suas compras e vendas em contra-ciclo (mijando contra o vento, como se diz na gíria dos mercados) são potenciais candidatos ao programa Novas Oportunidades.
Sócrates tem aqui umas centenas ou milhares de candidatos a receberem um dos seus qualificadores diplomas, a bem das estatísticas do desenvolvimento humano.
Basta -los a escrever a sua história de vida, à maneira das Novas Oportunidades, transformando em poucas semanas estes infelizes que só têm a 4.ª Classe em analistas financeiros.
Eis mais uma oportunidade para Sócrates colocar Portugal na vanguarda das qualificações, mesmo que eles, continuando a não entender o que é a tendência do mercado e a não saber interpretar um simples gráfico, prossigam na sua saga de perder dinheiro na bolsa, mas mantenham a esperança de que um dia ainda ganharão...

Alguém que passe a ideia ao Engenheiro. Além do diploma ainda podem levar um portátil a 150 euros, para passarem a negociar pela Internet e contribuírem assim para o famigerado Choque Tecnológico.


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O autor deste texto tem todo o respeito por essa gente humilde que tenta apanhar algumas migalhas que sobram dos lautos banquetes bolsistas onde os grandes especuladores fazem fortunas monumentais.
A jocosidade deste artigo dirige-se não a eles, mas à fraude e demagogia das Novas Oportunidades de José Sócrates que quer dar a todos os portugueses um diploma que vale tanto como o que lhe saiu no pacote da farinha amparo da Universidade Independente: NADA..
Acrescento que se me parte o coração com a multiplicação de certas recomendações de compra que estão a ser feitas ultimamente e a publicitação de targets completamente irrealistas de casas financeiras que apenas pretendem despachar incómodos papéis para as mãos de infelizes como estes, servindo-se dos jornais económicos para enganar impunemente os incautos.






segunda-feira, 14 de julho de 2008

Os imponderáveis políticos que Sócrates não domina



Com a legislatura a chegar ao fim, o país político que José Sócrates encontra não é aquele que planeou

Os imponderáveis políticos que Sócrates não domina e que lhe podem tirar o poder

A um ano de três actos eleitorais que redefinirão quem vai ocupar toda a estrutura do poder político em Portugal, o primeiro-ministro, José Sócrates, encontra-se perante um país diverso daquele que esperava ter ao fim de três anos da sua governação, e que não previu no guião que elaborou para o seu consulado à frente do Governo. O primeiro-ministro tinha tudo desenhado para criar condições de reedição do seu poder absoluto em 2009, mas a realidade é diversa; Sócrates não consegue controlar os imponderáveis que poderão resultar mesmo na sua derrota.

Da forma como o país político evoluir no próximo ano dependerá o futuro de Sócrates, não só no que se refere à sua reeleição como primeiro-ministo, mas também na sua própria candidatura à chefia do Governo. Essa evolução depende de factores internos ao próprio PS e à governação e de factores externos, todos eles incontroláveis pelo primeiro-ministro.

É certo que muito do que de imponderável existe na situação política portuguesa tem pouco que ver com a própria política e até com o país. Ao contrário do que o primeiro-ministro esperava e todos os líderes mundiais previam, a crise económica é uma realidade incontornável. O disparar de preços dos alimentos, os valores exorbitantes que as taxas de juro atingem (com aumentos em média de 100 euros num ano no valor das prestações de pagamento de empréstimos à habitação na ordem dos 100 mil euros), a espiral de preços do petróleo (com empresas a comprarem já barris a mais de 200 dólares para assegurarem o stock do próximo ano) são três factores externos que o Governo não domina, mas que entram como uma onda gigante que destrói a praia que Sócrates estava a preparar para si e para o PS no final da legislatura.

Mas também há factores internos, quer nacionais, quer partidários, que poderão complicar os planos de uma segunda maioria absoluta de Sócrates. Factores que vão desde a nova liderança no PSD, que veio revitalizar a oposição de direita, até ao crescimento da oposição à esquerda, que, por mais que o primeiro-ministro desvalorize, não consegue travar, passando pelos problemas internos do PS, dos quais Manuel Alegre pode até ser o menor.

Isto para não falar sobre a sua relação com o Presidente da República. Quer Sócrates, quer Cavaco Silva têm insistido em fazer passar a imagem de relação cordial, mas esta tem as tensões próprias à natureza do poder de ambos os cargos e à personalidade e convicções dos seus protagonistas.

Será assim um ano de apreensão para José Sócrates e para os restantes actores políticos e cujo desfecho é impossível de prever.

São José Almeida
Público
13/07/2008


Publicidade enganosa


Esta tarde, ao entrar na cozinha, ligo a televisão e vejo na pantalha, sintonizada na TVI, nada mais nada menos que «O Menino de Ouro» nas Tardes da Júlia. Não o próprio Menino de Ouro, certamente muito ocupado nas actividades governativas, mas a sua biografia mais ou menos autorizada e mais ou menos oficial e, claro, a sua biógrafa Eduarda Maio.

Num momento em que a vida pública não corre nada bem ao Dourado Infante, os fartos minutos que a televisão do Grupo Prisa - dirigido em Portugal pelo inefável Pina Moura, camarada de partido do biografado - dedicou ao áureo Primeiro-Ministro, vieram mesmo a calhar. Diríamos «Ouro sobre Azul».

A entrevistadora e a biógrafa passaram em grandes linhas a vida da brilhante figura governamental, remetendo para o campo do rumor a questão da sua homossexualidade e atirando para o esquecimento assuntos essenciais como a forma duvidosa como obteve uma licenciatura na Universidade Independente ou como assinou de favor uma série de projectos arquitectónicos de que os próprios clientes ignoram a autoria e cuja qualidade estética inveja qualquer morador dos musseques de Luanda ou das Favelas do Rio de Janeiro.

Sobressaiu o rosto humano do já sepultado animal feroz, que visita anualmente a terra natal por altura das festas e que muito sofreu com a toxicodependência do irmão, recentemente submetido a um transplante pulmonar.

Nas Tardes da Júlia diariamente há uma rubrica publicitária sobre um livro de saúde que o público indiferenciado sorve como se de publicidade não se tratasse.

A promoção do livro do «Menino de Ouro» não se diferenciou muito dessas peças publicitárias mal dissimuladas dentro do programa de entretenimento para donas de casa. Espera-se é que, em nome da transparência democrática, a publicidade ao biografado, não se faça todos os dias e de forma tão descarada, sobretudo quando o programa é visto por milhões de espectadoras de reduzida cultura e que à falta de capacidade crítica facilmente comem gato por lebre...

O outro livro, sobre plantas, frutos e saúde, se não fizer bem, também não fará mal à saúde dos portugueses.

A publicidade enganosa sobre as virtudes áureas de José Pinto de Sousa, essa pode continuar a causar grande dano à saúde do País...



domingo, 13 de julho de 2008

Coerência socratina



Com a devida vénia ao Almocreve das Petas, recorde-se o que dizia Sócrates sobre o desemprego num debate parlamentar em 2003.

E compare-se com o que se passa hoje...

Para não se desistir da leitura, não se atente à qualidade habitual dos discursos de Sócrates, abaixo de presidente da junta de uma qualquer freguesia rural.

Quando muito, imagine-se aquele jeito afectado e efeminado de falar e gesticular, com a arrogância e altivez própria da sua orgulhosa estirpe...




O estado do sr. Sócrates

[O Orador: José Sócrates] - E a nossa mensagem é muito clara, Sr. Primeiro-Ministro: isto não está a correr bem, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está mesmo a correr nada bem!! Portugal tem hoje mais de 420 000 desempregados. Não se riem agora, Srs. Deputados do PSD?! É verdade!

E já não são só as vítimas habituais! Não! Agora, o desemprego sobe mais entre as pessoas com curso superior e sobe mais entre os jovens!! O drama do primeiro emprego, que marcou boa parte do cavaquismo, está de volta (...) É por isso que, se há uma "imagem de marca" deste Governo, se há uma imagem que marca a governação desta maioria, ela é, sem dúvida, a marca do desemprego. Triste marca!

[Aplausos do PS]

Não, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está a correr bem, isto não está a correr mesmo nada bem! E o que é extraordinário é que, nos debates teóricos sobre a forma de governar, ainda há muito quem pense e teime em afirmar, apesar de tudo, que não vê grandes diferenças na governação do PS e do PSD.

[Vozes do PSD: - Mas há, mas há!]

(...) E esta não é uma subtil diferença, esta não é uma questão política de somenos. Não! Esta é a diferença entre considerar ou não considerar o emprego como a prioridade central da política económica.

[Vozes do PS: - Muito bem!]

E o que temos visto deste Governo é que o emprego já não é um indicador económico valorizado na sua política. Em matéria de desemprego, o Governo só tem tido uma preocupação: por um lado, inventar desculpas, por outro, procurar culpados.

[O Sr. António Costa (PS): - Muito bem!]

E vai logo aos suspeitos do costume: a culpa já foi da "pesada herança", já foi dos sindicatos, já foi das leis laborais e até da Constituição, tendo passado, depois, para a conjuntura internacional (...) Não, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a razão para o desemprego é outra: o desemprego aumenta porque a economia se afunda. E aqui, Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, temos muito que conversar. Portugal ainda há um ano e meio crescia acima da média europeia. Hoje, Portugal é o país da Europa em pior situação económica.

[O Sr. José Magalhães (PS): - Agora não se riem!]

E uma coisa o Sr. Primeiro-Ministro não pode aqui dizer: é que tudo isto era inevitável ou que tudo está a correr como previsto. Não! O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui, na Assembleia da República, que, consigo, com este Primeiro-Ministro, Portugal iria crescer, cada ano, dois pontos acima da média da União Europeia.

[Vozes do PS: - Exactamente!]

A verdade é que estamos a decrescer dois pontos para baixo da média europeia. E é caso para lhe recordar, Sr. Primeiro-Ministro, o conselho que, noutras circunstâncias, se apressou a dar a outros: não faça mais previsões, Sr. Primeiro-Ministro, nem deixe a Sr.ª Ministra das Finanças fazer mais previsões ..."

[Intervenção de José Sócrates (PS), na Reunião Plenária de 2 de Outubro de 2003, Debate: Estado da Nação]