Controlo dos media
João Carlos Silva alega que quis fintar Figo na Taguspark
por HUGO FILIPE COELHOHoje
Caso Figo. O gestor vai esta semana explicar à administração da empresa a sua versão das escutas em que foi apanhado a falar do negócio
Tudo não passou de um plano para enganar Luís Figo. Esta é a explicação que o administrador executivo, João Carlos Silva, deverá dar aos accionistas da Taguspark sobre as escutas telefónicas que levaram o DIAP a suspeitar que o contrato publicitário entre a empresa e o ex-jogador tivesse servido para "pagar" o apoio político a José Sócrates.
Fonte próxima do gestor - que negociou o acordo à revelia do Conselho de Administração, mas não da Comissão Executiva da Taguspark - disse ao DN que nas conversas telefónicas com o advogado Paulo Penedos, já publicadas na imprensa, João Carlos Silva discutia como seria preciso "tapar os olhos" aos agentes de Figo, para "pôr aquilo a render dinheiro".
Segundo a mesma fonte, o ex-jogador terá começado por exigir 250 mil euros por ano durante cinco anos (1250 euros), nessas negociações. O contrato, que alegadamente foi assinado, é de três anos e tem um valor de 750 mil euros (distribuídos da seguinte forma: 350 mil, mais 200 e mais 200) e uma cláusula sobre a renúncia.
"A ideia", explica, "era que Figo gravasse um vídeo publicitário no primeiro ano - e as principais coisas da campanha - e depois denunciava-se o contrato para não lhe pagar o acordado, nos restantes anos."
A versão é contrária à das suspeitas do DIAP (e da notícia do semanário Sol), segundo as quais os executivos da Taguspark seguiam instruções para comprar o apoio político do ex-futebolista. Figo - que desmente as acusações - tomou o pequeno-almoço com José Sócrates no último dia de campanha para as legislativas. Horas depois, gravou o filme para a Taguspark.
O homem por detrás do alegado esquema de corrupção seria Rui Pedro Soares, o ex-administrador da PT, que renunciou ao mandato na última semana, depois de a Judiciária realizar buscas no seu gabinete.
Numa escuta, a 10 de Junho, Paulo Penedos diz ao actual secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrelo, que o seu chefe (Rui Pedro Soares) "foi a Milão ter com o Figo para celebrar uma coisa um bocado pornográfica". A seguir desfaz o mistério: "Há dias disse- -me, muito contente, que tinha conseguido que o Figo apoiasse o Sócrates […], hoje ligou-me a pedir que lhe fizesse um contrato de patrocínio para a Fundação Luís Figo, à razão de 250 mil euros por ano."
Segundo apurou o DN, terá sido Soares, então responsável pelo marketing da PT, a sugerir à Taguspark o contrato com Luís Figo e dado aos executivos o contacto do agente do jogador. João Carlos Silva e Américo Thomati, o presidente da Comissão Executiva, passam então a negociar. Embora relatassem a Penedos e, por inerência, a Soares, os passos das negociações, nenhum prestou contas aos accionistas maioritário da gestora do parque.
A dada altura, Silva fala com Isaltino Morais, autarca de Oeiras, principal accionista da Taguspark, para fazer "a cama para o negócio". Mas Isaltino já veio dizer que os valores de que lhe falaram nessa altura foram bem mais baixos.
Esta semana, os dois executivos - Américo Thomati e João Carlos Silva vão explicar ao Conselho de Administração da Taguspark os contornos do negócio com Figo.
DN
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Apenas mais um "soldado" ao serviço do Chefe...
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