quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O óbvio...

... que uns não percebem e que outros não querem perceber...


Grande investimentos deveriam ser cancelados ou adiados

Dadas as forças depressivas sobre a economia seria recomendável uma política orçamental expansionista que suportasse o consumo e contrariasse as pressões deflacionistas.

Rui Peres Jorge
rpjorge@negocios.pt

Dadas as forças depressivas sobre a economia seria recomendável uma política orçamental expansionista que suportasse o consumo e contrariasse as pressões deflacionistas.

É aliás esta a receita que está a ser aplicado em todo o mundo desenvolvido. O problema em Portugal é que não há margem para o fazer, pelo menos com impacto significativo. “Uma politica orçamental errada, porque laxista, da década que precedeu a crise, deixou Portugal com muito pouco margem”, avalia Campos e Cunha.

O problema é tal ordem que o ex-ministro das Finanças duvida mesmo que a politica orçamental possa ser eficaz em Portugal: “estamos um com um problema de armadilha da liquidez. Ou seja, dados os elevados níveis de endividamento, o aumento dos gastos do Estado não tem o efeito desejado, pois este será anulado pelo aumento de poupança das famílias e níveis de consumo mais baixo”.

Segundo o especialista, famílias e empresas reagirão a duas expectativas: a de virem a pagar mais impostos, e a de verem aumentar os custos de financiamento, já que mais endividamento do Estado levará os mercados financeiros a exigirem juros mais elevados para emprestarem aos bancos nacionais.

A pequena margem orçamental que o Estado dispõe deve, por isso, ser usada em pequenos projectos de investimento público e não nas grandes obras. “Os grande projectos públicos deveria ser cancelados, se não todos, pelo menos alguns adiados e outros cancelados”, afirmou perante a plateia de economistas.

Para Campos e Cunha, os grandes investimentos não atacam a crise e agravam o que considera ser o problema estrutural mais grave de Portugal: o do endividamento do Estado.

Por um lado, muitos dos grandes projectos não garantem a rendibilidade económica para o futuro. “Gastamos o dinheiro e corremos o risco de ficar mais pobres em termos relativos”, sustentou. Por outro, o grande problema de endividamento em Portugal - e o factor que mais influencia o endividamento externo - é o excessivo peso da dívida pública, “a qual aumentará ainda mais com muitos desses projectos”.

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