domingo, 11 de outubro de 2009

Sem limites



Quando a imbecilidade não tem limites ou quando as conveniências do estômago estão acima da dignidade e da lucidez, escrevem-se coisas assim...


O que vale é que a rubrica tem a ver com palhaços...

10 Outubro 2009 - 09h00

Coisas do Circo

Falta seriedade

Escrevi em devido tempo que governar em Portugal é uma tarefa ciclópica e desgastante, principalmente quando o Governo dispõe apenas de uma maioria simples. Sócrates está, portanto, confrontado com este desígnio, e muito embora seja um homem determinado e corajoso a verdade é que não se vê muito bem como pode constituir um governo para uma legislatura apostado em continuar a modernizar o País.

A maior dificuldade que Sócrates encontra resulta de um factor que em toda a Europa é um detalhe de pormenor e de pouca importância. Trata-se obviamente do relacionamento com as outras forças partidárias com assento parlamentar.

Enquanto nos restantes países europeus é perfeitamente banal e corriqueiro a constituição de governos de coligação ou a realização de um acordo de incidência parlamentar para viabilizar um governo sem apoio maioritário, em Portugal é um verdadeiro bico-de-obra, porque os partidos que foram derrotados (de direita e de esquerda) põem-se nas suas tamanquinhas e de uma forma autista e imbecilizante recusam-se a dialogar, a fazer esforços para qualquer entendimento com o partido vencedor. Dito de outra forma, mandam às urtigas os reais interesses do País. Queriam todos governar minoritários, porque isso é que era bom e democrático e acabavam-se as arrogâncias de Sócrates.

Porém, chegada a hora de assumirem as responsabilidades inerentes ao caminho escolhido, fogem como ratos em navio a afundar. De facto, não há em Portugal uma cultura de oposição séria. Repare-se, por exemplo, na postura de Manuela Ferreira Leite a este propósito. O PSD dá de si uma imagem grotesca e insensata. Isto é, o PSD não está disponível para viabilizar nenhum Orçamento do próximo Governo (nem que seja pela abstenção) nem tão-pouco admite qualquer acordo com o PS sobre o que quer que seja.

É risível a estratégia do PSD, que não se distingue da do CDS, PCP, BE. Os portugueses que se deixaram levar pelos cantos de sereia dos partidos de oposição devem agora constatar (para mais tarde corrigir) como eles utilizam o voto que receberam, como estão determinados a condenar o País a viver na mais completa instabilidade, com todos os prejuízos daí advenientes.

Os interesses dos portugueses estão agora dependentes dos caprichos, dos humores, das casmurrices e das atitudes diletantes de Manuela Ferreira Leite, Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã.

Emídio Rangel, Jornalista




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