21 Setembro 2009 - 09h00Estado do Sítio
Encomenda rosa
O facto é que uns crápulas aceitaram uma enconomenda e cometeram um crime grave de violação de correspondência.O Presidente da República desconfia seriamente que elementos ligados ao Governo do senhor presidente do Conselho andam a vigiar a Presidência da República há bastante tempo. Por isso mesmo solicitou na semana passada uma busca às instalações de Belém para detectar eventuais escutas. Este facto é grave e levaria em circunstâncias normais o Chefe de Estado a demitir de imediato o Governo e o respectivo presidente do Conselho. Como estamos a poucos dias de eleições, o assunto estará de imediato em cima da mesa caso o partido do senhor Presidente do Conselho vença as Legislativas.
Esta situação é clara para qualquer pessoa e é natural que o assunto seja matéria de interesse público e alvo de naturais investigações jornalísticas. As primeiras notícias sobre o assunto saíram no jornal ‘Público’ e não devem ter sido bem recebidas em S. Bento e no Largo do Rato. Na verdade, o partido do senhor presidente do Conselho anda há mais de um ano a fazer guerra a Cavaco Silva. O primeiro sinal foi o Estatuto dos Açores, em que o senhor presidente do Conselho não respeitou compromissos assumidos com o Presidente da República, uma situação totalmente intolerável tanto do ponto de vista institucional como pessoal. A quebra de confiança entre Belém e S. Bento é irreversível e estará em cima da mesa depois de 27 de Setembro se o eleitorado der a vitória ao partido do senhor presidente do Conselho.
Na sequência destes factos, a máquina socialista pôs-se em movimento e, com a cumplicidade sabe-se lá de quem, teve acesso à correspondência privada do jornal que iniciou a investigação. Esses e-mails foram enviados posteriormente para vários órgãos de Comunicação Social e houve um, por acaso centenário, que aceitou publicar uma parte dessa correspondência privada, tornando-se, a partir desse momento, cúmplice de um crime grave de violação de correspondência privada. Não vale a pena chamar à colação questões éticas ou deontológicas. O que está em causa neste assunto nojento é a acção de um conjunto de crápulas que devem obviamente ser levados a tribunal. Os crápulas que violaram a correspondência e os que a publicaram. Anda muita poeira a voar e a polémica tem vindo a revelar o carácter viscoso de muita gente. O caso é tão simples como isto. Uns crápulas empregados do senhor Oliveira aceitaram uma encomenda e devem ser julgados por terem cometido um crime de violação de correspondência. Ponto final.
António Ribeiro Ferreira, Grande Repórter
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