segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Os medíocre têm a obsessão do mando...



Fernando Sobral

Quem governa?



José Sócrates gosta, às vezes, de ser o educador das massas. Por isso não perdeu a oportunidade de reafirmar que "quem governa é o Governo". Foi bom recordar-nos esse facto. Porque poderíamos andar distraídos e julgar, erradamente, que quem...

José Sócrates gosta, às vezes, de ser o educador das massas. Por isso não perdeu a oportunidade de reafirmar que "quem governa é o Governo". Foi bom recordar-nos esse facto.

Porque poderíamos andar distraídos e julgar, erradamente, que quem governava era dra. Manuela Ferreira Leite ou mesmo o dr. Francisco Louçã. Não é nem um nem outro. Por outro lado, quem governa de facto também não é o PS: é José Sócrates. Por isso poderia ter dito, sensatamente: quem governa sou eu. Luís XIV, que tinha uma visão mais megalómana do exercício do poder, não se conteve e confidenciou que o Estado era ele. Criou-se assim o absolutismo. Em Portugal isso é, por agora, inviável. Sócrates criou uma outra figura: o oficialismo. As ideias do Governo, isto é, de Sócrates, tornaram-se hegemónicas na sociedade.

Todas iguais, todas aparentemente diferentes. O discurso de Sócrates foi um conjunto de medidas, como é típico nas suas conversas com os deputados: algumas sensatas, outras nem tanto. Mas mostrou que ainda não se libertou da camisa-de-forças onde colocou a sua eventual capacidade para dialogar com quem não está de acordo com ele. Sócrates criou um oficialismo que paralisa o debate. Que só admite o sim e o não como bases de argumentação. No seu discurso, a ênfase foi sempre mais audível que os princípios, mas isso não é novidade. Quem quer ser ouvido fala alto. O oficialismo é exemplificado por esta política de megafone em punho. Só em parcos momentos o oficialismo se engasga: quando tem de dizer alguma coisa sobre casos como o "Face Oculta".

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