AFINAL HÁ COINCIDÊNCIAS
«Quem relatou foi o Correio da Manhã: "José Sócrates e a sua equipa não gostaram nada" que a RTP tivesse ouvido, entre outros especialistas, Paulo Pinto de Albuquerque, que criticou o presidente do Supremo Tribunal de Justiça por ter considerado nulas escutas do caso Face Oculta. Mais: "fizeram questão de o dizer, de forma bastante viva e clara, ao director de Informação da RTP", J. Alberto Carvalho (CM, 04/12). Na mesma altura, por coincidência, Carvalho perguntou na Redacção da RTP aos subordinados "por que é que ouvem o Paulo Pinto de Albuquerque" sobre o assunto. Claro que foi por coincidência, só podia ser por coincidência, e quem disser que não foi por coincidência está seguramente a armar uma "campanha negra" contra Sócrates e Carvalho! O CM titulava que a RTP foi "alvo da fúria de Sócrates". Por coincidência - lá está -, o Expresso trazia no dia seguinte à informação do CM um artigo de Ascenso Simões, dirigente nacional do PS e secretário de Estado no anterior Governo Sócrates, que, afirmando "conhecer como conhece o líder do PS", sabe como ele reage "protestando de forma colérica". E, ainda por coincidência, na mesma página, Ricardo Costa escrevia uma vez mais que "o Governo sabia de tudo" sobre o negócio PT-TVI e "sempre ajudou a Prisa a encontrar comprador para a Media Capital"; o assunto foi mesmo abordado numa cimeira luso-espanhola (Expresso, 05/12). O raio das coincidências não terminam. No dia em que o CM falou da "fúria de Sócrates", José António Saraiva relatou na revista do Sol um episódio impressionante e que ficará para a história das pressões ilegítimas que se têm exercido sobre o jornalismo independente desde que, por coincidência, Sócrates formou o primeiro governo. O caso é tão extraordinário que merece leitura completa. O director do Sol foi intimado três vezes, desde Outubro, para se apresentar no "Centro de Reinserção Social" na "companhia de uma pessoa idónea, de preferência adulta". Deve ser porque, para os seguidores do regime socretista, Saraiva está, tal como eu, "doente" mental (epíteto que já me dedicaram três figuras do regime, Luís Delgado, um membro da ERC e, por coincidência, José Alberto Carvalho). A diligência teve origem na juíza que julga uma violação do segredo de justiça no "caso Paulo Pedroso". À terceira intimação, Saraiva acabou por se dirigir ao local absurdo, sinistro e inaudito a que a justiça o obrigava. Ali, foi sujeito a um "interrogatório" de mais de uma hora por duas indivíduas, "como se estivesse na polícia", sobre "o segredo de justiça, o que pensava da violação desse segredo, sobre a Lei de Imprensa, sobre o relacionamento dos jornalistas com as fontes, sobre a presunção de inocência e a preservação do bom nome da liberdade de imprensa, etc., etc., etc." A inquiridora principal disse ao director do Sol que ele "voltaria a ser interrogado por outras pessoas nos próximos dias. E que depois teriam de ir a minha casa, interrogar vizinhos e conhecidos". Saraiva só encontra uma explicação para esta ilegalidade aberrante: "Tratou-se de uma tentativa de intimidação". Nunca se viu nada assim desde 1975. O caso é grave, mas a ERC, a justiça e o Governo (e até o sindicato) mantêm-se em silêncio. Devem querer que pensemos que foi tudo coincidência.»
Eduardo Cintra Torres, Público (11/11/2009)
Gentilmente surripiado no Portugal dos Pequeninos
domingo, 13 de dezembro de 2009
Apesar de tudo, Sócrates continua . Ninguém detém a obsessão ou a loucura?
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