sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Como se dominam os jornais em regime de fictícia liberdade de expressão

E não é só a publicidade do Estado. É a das autarquias. É a das empresas públicas. É a das empresas privatizadas em que o Estado detém capitais. É a das empresas privadas ligadas ao PS. É a das empresas privadas que não querem ser desagradáveis para com o regime socratino.

Portanto, quem se mete com o PS não come publicidade...


26 Fevereiro 2010 - 00h30

A voz da Razão

A trela invisível

Existe uma forma subtil de o poder político premiar ou punir os órgãos de comunicação: através da publicidade institucional. Quando o órgão é manso, recebe o seu biscoito. Quando o órgão ladra e morde, a ração é controlada. Por isso é fundamental saber quanto se gasta e, sobretudo, onde se gasta o dinheiro público: a ‘liberdade de expressão’, hoje, não se faz com comissões prévias de censura. Faz-se com o livro de cheques na mão. A trela é a mesma.

Infelizmente, esta informação simplória foi recusada ao Parlamento e aos portugueses. O Bloco de Esquerda requereu (várias vezes) uma lista com as despesas em publicidade efectuadas em 2008/09 por ministérios, institutos ou empresas do Estado. Meses depois, o governo admite que não sabe, não quer saber e tem raiva a quem sabe. ‘Não há registos’, diz o ministro Lacão, uma resposta que faria sentido em Chicago, nos anos 20, e não num país da União Europeia, em 2010.

Percebe-se: se não há registos, não há abusos; se não há abusos, não há problemas; se não há problemas, tanto barulho para quê?




João Pereira Coutinho, Colunista

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