sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A raposa a guardar as galinhas...

Audição na Comissão de Ética

Director do "Sol" diz que Vara "comandava" o jornal no BCP

26.02.2010 - 11:03 Por Maria Lopes

Armando Vara era o administrador do BCP responsável pelo financiamento e pelo processo accionista do "Sol" quando o jornal passou pelos problemas financeiros há um ano e dificultou a entrada de novos accionistas, afirmou esta manhã o director do semanário na Comissão de Ética.

“Tenho a certeza absoluta, pelo menos na parte final [da negociação de venda da quota do BCP no Sol à Newshold] que foi comandada directamente pelo dr. Armando Vara”, garantiu José António Saraiva. O representante do BCP, Paulo Azevedo, “disse várias vezes que tinha que falar com Armando Vara porque não tinha autonomia para tomar decisões”, acrescentou o director.

Há uma semana, Armando Vara veio à Comissão de Ética negar qualquer responsabilidade no dossier do jornal no BCP, dizendo mesmo que isso estava entregue a outras pessoas e departamentos.

José António Saraiva acusou mesmo: “Ficou claro que o que o BCP queria era decapitar a direcção do Sol e interromper a sua publicação”, ao afirmar, primeiro, que estava vendedor da sua parte no jornal e depois, quando os investidores angolanos quiseram negociar, recuou e disse não estar vendedor mas comprador. E nessa altura, “queria mudar” a cláusula que impõe que quem comprasse se comprometia a manter a direcção.

Tendo o BCP sido “um amigo” e accionista desde o lançamento do jornal, a mudança de atitude foi “coincidente com a entrada da administração Santos Ferreira/Armando Vara”. Aí, “o BCP transformou-se num cavalo de Tróia”, disse José António Saraiva, contando os pedidos ignorados de reuniões, a retirada de um patrocínio do BCP que estava pelo menos “verbalmente” combinado, e os “meses terríveis” de dificuldades financeiras que o jornal passou entre o final de 2008 e os primeiros meses de 2009.
Sobre a situação geral da comunicação, questionado pelo social-democrata Pedro Duarte, Saraiva disse-se “chocado” quando vê “pessoas responsáveis do PS a dizer que não se passa nada”.

“Os factos que têm vindo a público através das escutas são absolutamente chocantes. Faz-me lembrar o Iraque, quando choviam mísseis e o ministro da Informação continuava a dizer que não havia nada”, comparou.

Saraiva salientou que esta Comissão de ética existe porque “as escutas foram reveladas” e mesmo depois disso “as pessoas continuam a dizer que é falso”. “As escutas são a prova cabal e insofismável e a única maneira que tivemos de provar que havia em marcha um plano para controlar a comunicação social.”

Público


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