sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Mais claro e grave do que isto...







José António Saraiva

«Há um encobrimento do poder político pelo judicial»

O director do SOL, José António Saraiva, defendeu hoje na comissão parlamentar de Ética que «há um encobrimento do poder político pelopoder judicial»

Para o responsável do jornal, os «factos» até agora conhecidos, na sequência do processo Face Oculta, mostram que «há uma conivência do poder judicial com o poder político».

Falando sobre a relação do SOL com o antigo accionista BCP, José António Saraiva contrariou declarações prestadas à comissão pelo ex-administrador daquele banco, Armando Vara, afirmando que este era responsável pelo processo accionista: «Tenho a certeza absoluta que, pelo menos na parte final [das negociações para a venda da quota do BCP] foi coordenada directamente por Armando Vara».

BCP queria «decapitar o SOL»

Falando sobre a relação do SOL com o antigo accionista BCP, José António Saraiva contrariou declarações prestadas à comissão pelo ex-administrador daquele banco, Armando Vara, afirmando que este era responsável pelo processo accionista: «Tenho a certeza absoluta que, pelo menos na parte final [das negociações para a venda da quota do BCP] foi coordenada directamente por Armando Vara». Segundo o jornalista, o representante do BCP na administração do semanário, Paulo Azevedo, afirmou por diversas vezes que «não tinha autonomia para tomar decisões, tinha que falar com Armando Vara».

Para o director do SOL o BCP começou por ser um accionista «amigo» para se transformar depois num «cavalo de Tróia». Uma mudança de atitude que coincidiu no tempo com a entrada «da administração Santos Ferreira e Armando Vara». Segundo António José Saraiva, na altura da mudança na estrutura accionista do semanário, em início de 2009, o BCP começou por se afirmar vendedor das suas acções mas, face à possibilidade da entrada no capital de investidores angolanos, acabou por recuar e afirmar-se comprador. Exerceu então o direito de preferência, mas recusando uma cláusula que impunha a manutenção da direcção. «Ficou claro que o BCP queria decapitar a direcção do SOL e interromper a sua publicação», afirmou, para acrescentar: «Tenho a certeza que esta operação foi comandada directamente por Armando Vara».

Questionado pelo PS sobre a publicação de escutas pelo SOL, «um crime que põe em causa os valores democráticos», o director do jornal sustentou que «não há nenhuma violação do segredo de justiça», nem de direitos de privacidade: «Não falamos de conversas pessoais, mas de conversas de pessoas que têm a ver com negócios, num exercício ilegítimo dos seus cargos». Da bancada socialista veio também a acusação de partidarismo. «É o SOL que municia o argumentário político do PSD ou é o PSD que dá substância política ao editorial do SOL?» questionou o deputado Manuel Seabra, depois de citar um editorial do jornalista. Uma acusação rejeitada por José António Saraiva, que apontou as situações enunciadas – nomeadamente a existência de um plano do Governo para controlar a comunicação social – como «factos», de que as escutas publicadas pelo SOL são a «prova insofismável». O director do SOL afirmou-se ainda «chocado» por ver «pessoas responsáveis no PS a dizer que não se passa nada».

Quanto à actual estrutura accionista do SOL, questão que tem vindo a ser levantada pelo PS, afirmou que o jornal é detido pela empresa luso-angolana Newshold, pela JVC e por um grupo de jornalistas fundador do semanário.


Sol



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