quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A ingerência na informação tal qual se faz


João Maia Abreu

Fim do Jornal Nacional constituiu "acto de ingerência da administração da Media Capital"


João Maia Abreu, ex-director de informação da TVI, disse hoje que com a sua demissão do cargo pretendeu dar uma sinal de que “o fim do Jornal Nacional constituiu um acto de ingerência da administração da Media Capital”.

Na audiência da comissão de ética do parlamento sobre a liberdade de expressão, o jornalista afirmou que a decisão foi-lhe transmitida por Bernardo Bairrão, administrador delegado da TVI, que apresentou como justificações para a decisão razões de carácter económico, de grelha e da linha condutora da programação” e nunca de carácter editorial. “Nunca foram apontadas razões de carácter editorial”, afirmou

A medida, acrescentou, partiu da Prisa, accionista maioritário da Media Capital, em concreto por parte de Juan Luís Cebrian, administrador delegado do grupo espanhol.

Sobre a alegada intervenção do primeiro-ministro, José Sócrates, para terminar o programa, Maia Abreu disse não ter conhecimento de uma acção directa nesse sentido. Mas criticou a postura de José Sócrates numa entrevista à RTP e no congresso do PS, onde o primeiro-ministro criticou o programa. “Obviamente funcionou como uma pressão. Quando o primeiro-ministro diz que o programa é um jornal travestido coloca as pessoas numa situação incómoda”.

O ex-director de informação da TVI, João Maia Abreu, considera-se espantado com o facto do primeiro-ministro, José Sócrates, se preocupar tanto com as notícias que saem na comunicação social.

“Espanta-me que o primeiro-ministro tanto com o que é dito nas notícias sobre ele. O primeiro-ministro, por dever de ofício ser escrutinado. O dever de informar faz parte de um Estado de Direito, portanto causa-me alguma perplexidade”, referiu Maia Abreu na audiência da comissão de Ética da Assembleia da República sobre liberdade de expressão.

O jornalista considerou ainda estranho o timing da decisão, que ocorreu perto do período de eleições. Maia Abreu, de resto, confessou que o primeiro-ministro e os ministros do Governo socialista sempre se recusaram a ser entrevistados no programa.

O ex-director de informação da TVI, João Maia Abreu, disse hoje que havia uma grande insegurança da administração da Media Capital em relação ao Jornal Nacional de Sexta.

“Soube através do José Eduardo Moniz que havia muitas pressões em relação ao Jornal Nacional, que me foram transmitidas pelo José Eduardo Moniz. Disse-me que havia uma grande insegurança da administração em relação àquele jornal”, afirmou na comissão de Ética do Parlamento sobre a liberdade de expressão.

Maia Abreu revelou, de resto, que foi informado mas nunca ouvido sobre a resolução da Media Capital acabar com o programa de Manuela Moura Guedes. “O facto dos responsáveis máximos do programa não terem sido ouvido funcionou, pode ser entendido como uma condicionante para os jornalistas que trabalham naquela casa”, considerou.

Negocios.pt


1 comentário:

Anónimo disse...

A ESCRITA È UMA ARMA...QUEM TEM ASSIM GEITO PARA O FAZER...TEM QUE
CONTINUAR....MAS Nós os reformados de 172€ que fazemos....Quem luta por nós?????