Mais pensões milionárias
A tendência de crescimento do número de beneficiários da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com pensões mensais superiores a quatro mil euros não pára de aumentar: entre 2006 e 2007 o universo de reformados com pensões douradas subiu, segundo o último relatório da CGA, de 3454 para 3742 indivíduos, um acréscimo de 8,3 por cento. Com a pensão dourada concedida a mais 288 aposentados, no ano passado houve em média quase um novo pensionista milionário por dia.
O universo destes pensionistas abrange, no essencial, políticos, magistrados, médicos e administradores de hospitais, professores universitários, diplomatas, militares, funcionários dos CTT e controladores de tráfego aéreo. Entre os novos reformados milionários contam-se personalidades tão conhecidas quanto Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças do Governo de Cavaco Silva e actual presidente da Sapec, Luís Filipe Pereira, ex-ministro da Saúde e actual presidente da Efacec, Garcia Leandro, tenente-general do Exército e actual presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, Manuel Braga da Cruz, actual reitor da Universidade Católica, Alberto João Jardim, presidente do governo Regional da Madeira.
O relatório da CGA referente a 2007 deixa claro que as reformas de valor superior a quatro mil euros têm um peso cada vez mais elevado nos gastos anuais com as pensões dos beneficiários da CGA: em 2007, numa despesa total de cerca de 7,2 mil milhões de euros com as reformas dos 402 665 reformados, os custos com as 3742 pensões douradas oscilaram entre um mínimo de cerca de 15 milhões de euros e um máximo na ordem de 20,5 milhões de euros.
Correio da Manha
22/4/2008
Um Governo dito socialista, para mais que se gaba de afrontar os interesses estabelecidos e de combater os poderosos, não pode tolerar esta realidade que, além de socialmente injusta, é financeiramente incomportável num País que tem um colossal défice orçamental e um abissal endividamento público.
A coragem e determinação do sr. engenheiro Sócrates comprovar-se-ia se implementasse um sistema fortemente progressivo que permitisse ao Estado absorver grande parte do valor da pensões de reforma nos escalões de rendimento acima dos 2.000 euros.
Mas quanto a isso podemos esperar sentados. Nem ele nem ninguém tem coragem em Portugal para acabar com o sistema oligárquico vigente dos que vivem à conta de um regime abjecto onde alguns milhares de cidadãos tudo têm à conta da exploração da esmagadora maioria da população.
34 anos depois do 25 de Abril, compreende-se por que é que estas sanguessugas abominam o Professor de Santa Comba. No tempo dele havia certamente muitas injustiças e a falta de liberdade e de democracia que todos conhecemos. Mas não havia esta escandalosa desavergonhice, este regabofe à conta do erário público.
Afinal, os animais desta quinta, tomada de assalto pelos porcos, são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros...
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