Os sinais de desagregação da autoridade do Estado são bem visíveis e mais frequentes do que imaginamos. Quando um aluno bate num professor, quando se dão tiros num comício em que está presente o primeiro-ministro ou quando um arguido bate num juiz, o que temos é a completa inversão da pirâmide de valores, é o fracasso das estruturas em que assenta o Estado de Direito. Impressiona-me a condescendência de uma cultura que assiste passivamente a tudo isto. Sendo o homem lobo do homem, como disse Hobbes, se a autoridade do Estado não for exercida com responsabilidade e sem transigir na defesa da liberdade e da segurança, acabamos por morrer às mãos uns dos outros. (...)
É óbvio que a falta de respeito pelos juízes e a degradação da sua imagem foram alimentadas por este Governo, numa política de pura e baixa propaganda eleitoral, o que decisivamente contribuiu para estas agressões. Por isso, os juízes não devem aceitar fazer julgamentos em tais condições, até porque têm a obrigação de proteger a segurança e a tranquilidade das pessoas que vão ao tribunal.
Rui Rangel, Juiz desembargador
Correio da Manhã
quarta-feira, 2 de julho de 2008
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