Com a devida vénia ao Almocreve das Petas, recorde-se o que dizia Sócrates sobre o desemprego num debate parlamentar em 2003.
E compare-se com o que se passa hoje...
E compare-se com o que se passa hoje...
Para não se desistir da leitura, não se atente à qualidade habitual dos discursos de Sócrates, abaixo de presidente da junta de uma qualquer freguesia rural.
Quando muito, imagine-se aquele jeito afectado e efeminado de falar e gesticular, com a arrogância e altivez própria da sua orgulhosa estirpe...
Quando muito, imagine-se aquele jeito afectado e efeminado de falar e gesticular, com a arrogância e altivez própria da sua orgulhosa estirpe...
O estado do sr. Sócrates
[O Orador: José Sócrates] - E a nossa mensagem é muito clara, Sr. Primeiro-Ministro: isto não está a correr bem, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está mesmo a correr nada bem!! Portugal tem hoje mais de 420 000 desempregados. Não se riem agora, Srs. Deputados do PSD?! É verdade!
E já não são só as vítimas habituais! Não! Agora, o desemprego sobe mais entre as pessoas com curso superior e sobe mais entre os jovens!! O drama do primeiro emprego, que marcou boa parte do cavaquismo, está de volta (...) É por isso que, se há uma "imagem de marca" deste Governo, se há uma imagem que marca a governação desta maioria, ela é, sem dúvida, a marca do desemprego. Triste marca!
[Aplausos do PS]
Não, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está a correr bem, isto não está a correr mesmo nada bem! E o que é extraordinário é que, nos debates teóricos sobre a forma de governar, ainda há muito quem pense e teime em afirmar, apesar de tudo, que não vê grandes diferenças na governação do PS e do PSD.
[Vozes do PSD: - Mas há, mas há!]
(...) E esta não é uma subtil diferença, esta não é uma questão política de somenos. Não! Esta é a diferença entre considerar ou não considerar o emprego como a prioridade central da política económica.
[Vozes do PS: - Muito bem!]
E o que temos visto deste Governo é que o emprego já não é um indicador económico valorizado na sua política. Em matéria de desemprego, o Governo só tem tido uma preocupação: por um lado, inventar desculpas, por outro, procurar culpados.
[O Sr. António Costa (PS): - Muito bem!]
E vai logo aos suspeitos do costume: a culpa já foi da "pesada herança", já foi dos sindicatos, já foi das leis laborais e até da Constituição, tendo passado, depois, para a conjuntura internacional (...) Não, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a razão para o desemprego é outra: o desemprego aumenta porque a economia se afunda. E aqui, Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, temos muito que conversar. Portugal ainda há um ano e meio crescia acima da média europeia. Hoje, Portugal é o país da Europa em pior situação económica.
[O Sr. José Magalhães (PS): - Agora não se riem!]
E uma coisa o Sr. Primeiro-Ministro não pode aqui dizer: é que tudo isto era inevitável ou que tudo está a correr como previsto. Não! O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui, na Assembleia da República, que, consigo, com este Primeiro-Ministro, Portugal iria crescer, cada ano, dois pontos acima da média da União Europeia.
[Vozes do PS: - Exactamente!]
A verdade é que estamos a decrescer dois pontos para baixo da média europeia. E é caso para lhe recordar, Sr. Primeiro-Ministro, o conselho que, noutras circunstâncias, se apressou a dar a outros: não faça mais previsões, Sr. Primeiro-Ministro, nem deixe a Sr.ª Ministra das Finanças fazer mais previsões ..."
[Intervenção de José Sócrates (PS), na Reunião Plenária de 2 de Outubro de 2003, Debate: Estado da Nação]
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