domingo, 30 de março de 2008

Retaliações socratinas ou estados sem alma...



Toda a entrevista de António Borges tem grande interesse não só pelos seus conhecimentos de economia e de finanças, como pela questão da sua sebastiana ascensão à liderança do PSD.

Transcrevemos apenas uma pequena parte que mostra os verdadeiros estados de alma escondidos de Sócrates e do seu ministro Manuel Pinho...



QUARTO BLOCO – MANUEL PINHO

É verdade que, pelo facto de trabalhar na Goldman Sachs (GS), o Governo, por indicação do ministro da Economia, Manuel Pinho, penalizou o banco em Portugal?
Não foi por eu lá estar, mas por eu ter uma intervenção política relativamente activa.

Pode concretizar?
Os factos são o que são. Em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de-semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho que me comunicou que todos os contratos com a Goldman Sachs estavam cancelados a partir daquele momento.

O ministro -lo pessoalmente?
Exactamente.

É uma declaração grave.
O Governo tem sempre a opção de cancelar os contratos quando quiser.

Qual foi a explicação dada?
De que queriam renovar as equipas que trabalhavam para o Governo.

Quais eram os montantes dos contratos?
Eram contratos importantes que vinham detrás e que tinham sido celebrados, nomeadamente, para ajudar à reestruturação do sector energético. Os contratos viriam a ser retomados por outros bancos de investimento. Normalmente até teríamos em termos contratuais uma série de direitos que foram rapidamente postos de lado.

Como é que se sentiu na GS? Como tendo sido a causa da perda do negócio?
Claramente.

Alguém lhe chamou a atenção?
Não. Julgo que há uma consciência nos bancos de investimento internacionais de que quando se trabalha para Governos se correm riscos políticos.

Foi o único sinal de retaliação do Governo?
Há cerca de dois anos atrás, quando houve a mudança de presidência na EDP, uma empresa que eu conhecia bem, numa intervenção pública manifestei a minha oposição à maneira como as coisas foram conduzidas. Nessa altura houve da parte do Governo uma intervenção absolutamente extraordinária porque exigia uma apresentação de um pedido de desculpa pelas minhas palavras, com a implicitação evidente de que, caso contrário, nunca mais haveria trabalho para a GS em Portugal. Aliás, como nunca mais houve.

Público
30/03/2008



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