sexta-feira, 7 de março de 2008

Entrevista: Manuel Carvalho da Silva


Entrevista: Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP 2008-03-07 00:05

“Sócrates não percebe nada de Educação”

Na véspera de mais uma manifestação de professores, Carvalho da Silva diz que a sociedade portuguesa está “doente”.

Jaime Martins Alberto

Carvalho da Silva, líder do maior sindicato do País, traça um quadro negro. Acusa José Sócrates de autismo, a ministra da Educação de incompetência, Cavaco Silva de ser inconsequente e a sociedade portuguesa de estar doente.

Que resultados esperam os professores alcançar com a manifestação de amanhã, que não tenham já tentado antes?

Numa sociedade democrática há o direito à indignação. Se o Governo desvalorizar o protesto e, por autoritarismo, impuser certas coisas, estará a dar uma enorme machadada na política portuguesa. Amanhã vamos ter entre um quarto e um terço dos professores em manifestação. A sociedade estará muito doente se isto passar em claro.

Mas a sociedade pode olhar para esta manifestação como apenas mais uma, entre tantas outras...

Estar a discutir se os professores aceitam ou não as avaliações é uma treta. Isso é atirar areia para os olhos das pessoas.

Mas a questão da avaliação foi levantada pelos próprios professores...

Aí o problema é saber se a avaliação está orientada para a qualificação e desempenho profissional visando servir o sistema de ensino, ou se ela é feita de acordo com critérios economicistas e com o objectivo de influenciar politicamente o funcionamento das escolas. E acrescente-se este disparate absoluto da ministra: pegar num sistema que altera radicalmente a avaliação e começar a aplicá-lo no terceiro trimestre. Em qualquer país avançado do mundo, toda a equipa ministerial seria demitida. Isto é uma barbaridade, não tem outro nome. Agora, anda-se para aqui com paninhos quentes e tal...

É possível a ministra “cair” por força da rua?

Se ela reflectisse sobre a embrulhada em que colocou o sistema de ensino, ela podia dar uma grande ajuda, retirando-se e ajudando a que haja soluções. Nenhum primeiro-ministro de um país civilizado aceitaria isto. O que demonstra que José Sócrates não percebe a ponta de um chavo do sistema de educação. Ou então quer reformar a educação contra os professores. Ponto final.

Diário Económico
7/3/2008


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