sábado, 9 de fevereiro de 2008

Alegre e Cavaco

Não sabemos se por trás da mediana inteligência do engenheiro José de Sousa se esconde suficiente argúcia e maquiavelismo para ter percebido que a vitória de Cavaco seria a melhor garantia para se manter no poder, impedindo com a extemporânea candidatura de Mário Soares uma eventual vitória de Manuel Alegre.

Se não planeou a situação que veio a concretizar-se nas eleições presidenciais, o acaso da história bafejou-o abundantemente, mostrando que o ditado popular muitas vezes não se aplica, a avaliar pelo rol interminável de casos em que vemos a sorte a proteger os débeis e os medíocres.

Sócrates não encontraria melhor padrinho e protector do que Cavaco que dele não se diferencia tanto quanto parece, descontadas das trapaças e indignidades da vida privada do actual Primeiro-Ministro. Une-os o vazio de ideias e a confrangedora ausência de um projecto nacional para além do controlo do défice e da obsessão pela carreira pessoal que Cavaco disfarça perfeitamente na bem urdida aparência do Homem de Estado que não se vislumbra em Sócrates nem que o envernizem com litros de mentira, de propaganda e de demagogia.

Com Manuel Alegre na Presidência da República talvez esta carnavalada socratino-cavaquiana terminasse mais cedo ou ao menos se dissimulasse com alguma aparência de decoro.

Os que votaram em Cavaco apenas para derrotar um desertor e traidor da Pátria não têm motivos para se penitenciar. Mas os que votaram em Cavaco por convicção começam a achar que compraram «gato por lebre» (expressão que quem tem memória da história financeira do País sabe como se aplica tão perfeitamente ao Senhor Presidente da República)... «Gato por lebre»...






Alegre preparado para desafios fora das fronteiras do PS

09.02.2008 - 20h34 Lusa

O deputado e ex-candidato presidencial Manuel Alegre afirma-se preparado para enfrentar desafios fora do Partido Socialista, deixando em aberto a possibilidade de “ir às urnas no país”.

"Não me desafiem para coisas que é perigoso desafiar-me. Não me desafiem para eleições de secretariado, ou para congressos. Eu já fui a um congresso do Partido Socialista e sei como é”, afirmou Manuel Alegre, num recado à liderança da sua formação política. “Se me desafiam para combates dessa natureza, eu respondo: vou às urnas, mas no país. Irei às urnas no país”, avisou.

O deputado do PS falava à margem de um encontro de “reflexão” que hoje juntou cerca de duas centenas de militantes socialistas num hotel de Lisboa. Os efeitos das políticas do Governo de José Sócrates e o actual momento do PS formaram o prato principal.

O ex-candidato presidencial pretende instituir uma corrente de opinião no seio do PS, força política que diz estar em crise e excessivamente controlada pelo Executivo.

“O partido está muito governamentalizado. Tudo começa e acaba no Governo. E portanto, como eu disse, há um buraco negro na esquerda, na democracia dentro do próprio partido”, sustentou.

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