sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Trapalhada 24

Pressões ao mais alto nível levam procurador a desistir da PJ/Porto

Pressões de vários quadrantes e inclusive contactos da cúpula do Ministério Público com o poder político ao mais alto nível levaram ontem o magistrado indigitado para dirigir a Polícia Judiciária (PJ) do Porto a recuar na aceitação do convite formulado pelo director nacional, Alípio Ribeiro, e homologado sábado passado pelo ministro da Justiça.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, António Almeida Pereira decidiu renunciar ao perceber que, definitivamente, o procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, não o quer a dirigir a PJ/Porto, tendo tido, até, conhecimento de alegadas diligências informais no sentido de dificultar no Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) a aprovação de uma comissão de serviço para a PJ. O PGR, recorde-se, pretendia para o cargo o procurador João Marques Vidal, mas este recusou.

Alberto Costa, que dizem que é uma espécie de Ministro da Justiça, continua no seu posto, agarrado como uma lapa à rocha cada vez mais insegura do poder das engenharias, enquanto o Director Nacional da PJ continua, pelo que se deduz, a merecer a sua inteira confiança a despeito do ror de desconfianças que começa a gerar.
Já o PGR, começa a mostrar que não está para colaborar com todas as trapalhadas e trapaças do (des)Governo socratino, mesmo que os socratinos o lá tenham posto para substituir o incómodo Souto Moura.

A vida não está fácil para o engenheiro projectista. Excluindo o grande apoio que recebe do PS, por via de Cavaco e da sua mancomunação estratégica e por via de Menezes com a sua canhestra liderança partidária cada vez mais partida, está a escapar ao supremo controlo socratino uma série de pequenos poderes: a blogosfera, os professores, 2 ou 3 jornais nacionais que ainda se editam, alguns tribunais administrativos e o Tribunal de Contas ainda que presidido por um educado senhor do PS que talvez queira redimir-se dos medíocres resultados que produziu tanto no Ministério da Finanças como no da Educação... E talvez o PGR não se deixe tomar como homem de mão de Sócrates e do bando de apaniguados que campeiam no arraial dos proventos que o poder socratino reparte entre bajuladores e doutrinadores...


Habituado a tudo conseguir com habilidades de pacotilha, pensava o engenheiro que tudo se resolveria com as engenhocas do compadrio, da assinatura de favor, do cartão com timbre de ministro, do avental de cerimónias e outras festarolas, dos segredos de alcova, da traficância de lugares, da mercancia de empregos, da insidiosa ameaça, da torpe intriga e da vil intimidação.

Esqueceu-se ou nunca percebeu que as palavras do poeta também se aplicam aos seres providenciais e puros como ele: «Há sempre alguém que resiste! Há sempre alguém que diz não!».


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