sábado, 2 de fevereiro de 2008

Socratina remodelação





O engenheiro que não faz remodelações na praça pública, que não remodela por pressão de ninguém, que não corta cabeças governamentais por mero tacticismo político, trabalha assim, meticulosamente, planificadamente, curiamente...


Ministros remodelados não queriam sair

Os ex-ministros Correia de Campos e Isabel Pires de Lima não queriam sair do Governo, ao contrário do que foi dito. Campos só pediu a demissão quando percebeu que o primeiro-ministro se preparava para o dispensar, tendo-se antecipado e escrito a carta de renúncia.

José Sócrates apanhou de surpresa Correia de Campos e Isabel Pires de Lima com a notícia de que os ia substituir no Executivo.

O ministro da Saúde, aliás, já estava ‘remodelado’ sem o saber, na segunda-feira de manhã, quando visitou, ao lado do Presidente da República, o laboratório português da Labesfal, em Tondela. E quanto à ministra da Cultura, recebeu o telefonema de Sócrates a chamá-la de urgência a S. Bento quando estava no Porto, e com a agenda cheia para esse dia.

De qualquer modo, foi o ex-ministro da Saúde que precipitou os acontecimentos. Tendo sido informado da intenção do primeiro-
-ministro, terá imposto a saída imediata do Executivo, deixando Sócrates irritado e obrigando-o a uma verdadeira ‘corrida contra o tempo’ – tanto na comunicação ao Presidente da República, como nos convites aos novos ministros e, sobretudo, no telefonema a Isabel Pires de Lima, dizendo que fora finalmente aceite o seu pedido para abandonar funções.

A ‘pressa’ com que tudo teve de ser feito tornou-se evidente, também, quando se percebeu que a remodelação ia ser feita por etapas e não ia ficar pelos dois ministros e pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (Amaral Tomaz), em relação a quem era público, há pelo menos um mês, que ia abandonar funções. O próprio primeiro-ministro anunciou, na posse de Ana Jorge e Pinto Ribeiro, que ia haver mais mudanças.

O pré-aviso de Sócrates

A remodelação já andava a ser pensada por Sócrates há muito tempo. A Amaral Tomaz – que manifestara vontade de sair em Agosto –, pediu para esperar pelo fim da Presidência Portuguesa. E, já com o aproximar do final do ano, começou a sondar nomes alternativos para várias pastas, como a das Obras Públicas. Viana Baptista foi um deles. A falta de alternativas com peso político e técnico, porém, foi atrasando a execução do plano de remodelação, fazendo prolongar a ‘agonia’ de Campos diante da crescente contestação pública. O ministro chegou a ter um conselheiro em comunicação no gabinete, nas últimas semanas, depois de ter pedido ajuda nesse matéria ao próprio Sócrates.

Preocupado com a renovação da maioria absoluta em 2009, e sabendo que a Saúde é uma área sensível, o primeiro-ministro já decidira que teria de remodelar.

(Sol, 1/1/2008)





Sem comentários: